menina-tinteiro
O nome dela era Ivaní. Por falta de opção, escrevia a vida na pele e nunca a lavava enquanto tivesse que lembrar de algo que estivesse nela escrito. Apesar das agourações, nunca intoxicou-se ou criou câncer ou alguma doença que não pudesse ser curada sem muito antes sofrer. Escrevia porque esquecia-se de tudo: o nome das pessoas, a escola e a sala onde estudava, os deveres de casa, os dias de aniversários importantes, esquecia-se de trocar a água das tartarugas-de-aquário, de rebobinar a fita, de beber água, de agradecer e de criar. Só o que fazia era anotar, anotar, gastar canetas. Conhecia as melhores, as que riscavam na pele molhada, na seca, na descascando, de cabeça para baixo, sem machucar. E assim ela levava a vida, sendo consumida pela tinta, a nuca sempre para o alto, ela olhando o corpo, lembrando aonde deveria ir, para quê.
Um dia, toda a tinta do mundo acabou e ela pensou "Nunca mais lembrarei de viver, n tenho mais com que me escrever". E enquanto pensava, deprimida, no quarto, percebeu sua cama toda manchada de tinta. Assim que se levantou, viu que a tinta saía dela e que agora seus poros transpiravam tinta, densa, poluente, colorida. Olhou-se no espelho, sua pele, antes branca era agora de um tom azul, triste. Ivaní sorriu e continuou a viver.
1 Comments:
uau, nika, super enteligente isso q vc escrevinhou sobre vida. beijos
pronto, comentei aeuhaehauehaeuha
caraamba! prova de música =O
já até imagino as notícias "weronika, a nova prokofieva(nem sei como se escreve o nome desses músicos) deste milênio" =P
certeza q vc vai passar, sim =]
ah, e seus textos gigrantes são muuuuuito supimpas de ler. escreve mais, escreve mais, escreve mais =D
bjo =*
1:16 AM
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