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posts aleatórios sem tópicos específicos ou muita mirabolanticidade. papos sem fundo. bem-vindos! (comentem!)

domingo, outubro 29, 2006

ode para a juventude

joguemos as mãos pro alto!
pare embaixo de um prédio e olhe pro céu, aí veja o prédio balançar e cair. Contemple, num lugar aberto, num dia em q n tiver chovendo, mas q o céu teja coberto de nuvens densas e negras e q teja trovejando e ventando muito. pense no fim do mundo. admire. e tenha medo de levar um relâmpago na cabeça. tenha pesadelos e acorde chorando achando que é verdade. se frustre muito. olhe pro teto de concreto desenhado pela umidade e veja manchas que ditam histórias, monstros, desventuras e aventuras. e medos. aí imagine o mundo de cabeça para baixo (essa parte é LOOOUCA) e pense como seria muito melhor c vc pudesse aproveitar até o teto do seu quarto. no caso, do meu, q precisa urgentemente de uma solução desse tipo. é incrívelmente barulhento aqui na época das cigarras. tenha muita muita muita enxaqueca e coma o dia inteiro sonhando em emagrecer. escreva muito, tudo muito feio e semi-vazio, sinta-se bem, entao. desaprenda a ser você e esqueça como é aprender novamente. veja tudo lá do outro lado e tente ir até o outro lado. aí caia. e pense q vc n pode morrer agora pq vc ainda n chegou do outro lado. levante. ou fique caído mesmo, e de repente fique muito feliz. e pense, acho q morrer agora n seria tao ruim assim. seja auto-suficiente e adaptável. esqueça-se de ter diferentes vidas sociais. coma cheetos e vá ao dentista milhões de vezes ao mes. chore muito pq a dentista eh uma burra e q algum dia vai paralisar metade do meu rosto. aí eu viro uma assassina e mato ela. mas aí, sai logo dos pensamentos. vc tá na faculdade, q vc nem sabe bem no que implica. vc tem uma prova de realidade brasileira na sua frente. gabarite (?) SÓ chutando. deixe uns outros tristes sem qrer. fique impassível e esqueça de tudo. depois lembre e revolte-se. cante, dance e toque muito piano, até dar ler e vc perder a mão. seja famosa. mas antes disso, volte pra escola e tenha aulas de química e matemática e história e português. flerte com os professores legais rindo de canto do fato de não poder passar disso. fale pelas costas. e tente ser o mais verdadeiro possível. não saiba amar na medida certa. seja um gato. não maltrate os animais. odeie muito as pessoas. seja espontâneo. leia o dia do curinga, jimmy the champion of the world, harry potter, fronteiras do universo e cresça como indivíduo. tenha um mundo só seu. ande de skate. caia e doa muito. rabisque carteiras com frases sujas. humor negro. entenda a piada na terceira vez q contada. coçe o saco. depile de mes em mes. esqueça de tomar banho e ajude a preservar a água do lago paranoá. hahahaha. ria muito. não seja nada muito especial mas procure marcar de alguma forma construtiva. fracasse na tentativa. seja cara-de-mongol, gorda, gostosa, doida, fria, indiferente, espontânea, fofa, verdadeira e falsa, furona, esquecida, neurótica e despreocupada, tímida, besta à beça!, seja enfim, nika.

segunda-feira, outubro 23, 2006

menina-tinteiro

O nome dela era Ivaní. Por falta de opção, escrevia a vida na pele e nunca a lavava enquanto tivesse que lembrar de algo que estivesse nela escrito. Apesar das agourações, nunca intoxicou-se ou criou câncer ou alguma doença que não pudesse ser curada sem muito antes sofrer. Escrevia porque esquecia-se de tudo: o nome das pessoas, a escola e a sala onde estudava, os deveres de casa, os dias de aniversários importantes, esquecia-se de trocar a água das tartarugas-de-aquário, de rebobinar a fita, de beber água, de agradecer e de criar. Só o que fazia era anotar, anotar, gastar canetas. Conhecia as melhores, as que riscavam na pele molhada, na seca, na descascando, de cabeça para baixo, sem machucar. E assim ela levava a vida, sendo consumida pela tinta, a nuca sempre para o alto, ela olhando o corpo, lembrando aonde deveria ir, para quê.
Um dia, toda a tinta do mundo acabou e ela pensou "Nunca mais lembrarei de viver, n tenho mais com que me escrever". E enquanto pensava, deprimida, no quarto, percebeu sua cama toda manchada de tinta. Assim que se levantou, viu que a tinta saía dela e que agora seus poros transpiravam tinta, densa, poluente, colorida. Olhou-se no espelho, sua pele, antes branca era agora de um tom azul, triste. Ivaní sorriu e continuou a viver.